Faltam 70 mil engenheiros por ano no Brasil. Portugal compete por vagas em civil Por ano, formam-se cerca de 30 mil engenheiros no Brasil, mas são precisos mais de cem mil. Portugal quer colmatar a falta de 70 mil profissionais licenciados, particularmente em engenharia civil, e aumentar o número de arquitectos, para trabalharem nas obras e nos projectos do Campeonato do Mundo em 2014 e osJogos Olímpicos em 2016. O bastonário dos engenheiros portugueses, Carlos Matias Ramos, revelou ao i que tem sido contactado por muitas empresas e profissionais portugueses "no sentido de agilizar o processo e encurtar os tempos" de transferência para o Brasil. "Há engenheiros que querem ir trabalhar para empresas brasileiras, outros para sociedades restritas de empresas portuguesas e ainda em parceria." As principais áreas previstas no protocolo assinado em 2000 entre a ordem e o CONFEA(Conselho Federal de Engenharia, Arquitectura e Agronomia) do Brasil, e que está na iminência de ser reformulado, são "engenharia civil, mecânica, química, electrotécnica e agrónoma". No entanto, o presidente do CONFEA, Marcos Túlio de Melo, lembra que as áreas com mais procura e necessidade urgente de know-how envolvem "os sectores estratégicos do petróleo, gás e construção civil". "Com um crescimento de 7% do PIB ao ano, há uma necessidade muito grande de profissionais que o próprio mercado e sistema educativo brasileiro não suportam porque não se prepararam com a devida antecedência", nota. A integração de mão-de-obra portuguesa especializada no mercado brasileiro também está a ser tratada pelas autoridades nacionais. O embaixador de Portugal em Brasília tem-se multiplicado em encontros para acelerar o processo de exportação e aumentar o número de protocolos em diferentes áreas. Recentemente, João Salgueiro almoçou com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria e Construção Civil (CBIC) e o principal assunto em cima da mesa foi precisamente este, disse ao i fonte da embaixada. As intenções são claras de ambas as partes. Os encontros entre o presidente do CONFEA e o bastonário dos engenheiros são cada mais frequentes e "a relação é privilegiada", comenta Matias Ramos. O CONFEA tem registo de 1445 engenheiros portugueses que exercem legalmente no país. No entanto, o presidente Marcos Túlio de Melo equaciona que o número real seja muito maior, porque alguns engenheiros estão a desempenhar funções sem estarem inscritos na entidade. O interesse e a motivação dos engenheiros portugueses por trabalharem no país é "muito recente", sublinha o bastonário. Matias Ramos frisa que o ano com maior representatividade foi 2010. Agora Portugal quer ser o principal parceiro na exportação de mão--de-obra qualificada, tanto a nível individual como empresarial. Em contrapartida, para o Brasil colaborar com este processo, encurtar os tempos e inserir profissionais no mercado, o CONFEA quer um acordo bilateral a médio--longo prazo. "Quando o mercado europeu estava em ascensão, não houve nenhuma flexibilização e tivemos muita resistência. Queremos discutir com as organizações dos dois países, e com o governo, uma abertura de Portugal, e da Europa em geral, quando retomarem o crescimento." Carlos Matias Ramos, que tem sido uma das vozes mais sonantes em matéria de exportação de engenheiros para o Brasil, teme apenas que Portugal perca grande parte deles. "Não gosto da emigração de engenheiros, porque perdemos todo o investimento que foi feito", aponta. Para o bastonário, a exportação pode privilegiar uma parceria entre os dois países que "mantenha os engenheiros ligados a Portugal". Além dos engenheiros, o mercado brasileiro começou a atrair arquitectos portugueses. Neste momento são cerca de 200, mas "estamos numa fase inicial", frisa o bastonário dos arquitectos, João Belo Rodeio. O mercado nacional está "estagnado, há falta de encomenda e há um estrangulamento dos arquitectos". Belo Rodeio explica ao i que os "eventos desportivos dos próximos anos" são o principal motivo de interesse. Há cerca de ano e meio, a Ordem dos Arquitectos portuguesa e o IAB (Instituto dos Arquitectos do Brasil) assinaram um protocolo que abrange "todo o tipo de projectos" desenvolvidos nos dois países. Os mais jovens responderam em força, mas "há cada vez mais arquitectos portugueses com know-how e estrutura" a apostarem no Brasil. "O Estado português não está a investir, não há projectos novos, corre-se o risco de os ateliês fecharem", alerta Belo Rodeia. No Brasil há arquitectos portugueses que vão trabalhar para ateliês, há ainda os que têm escritório cá e criam outros no Brasil e os que estão associados a construtoras. Belo Rodeia espreita novas oportunidades para os arquitectos portugueses e vai já no primeiro semestre a São Paulo e ao Rio, onde tem vários encontros marcados com entidades brasileiras, embaixadores e cônsules portugueses. Em contrapartida, Brasil quer que a Europa lhe abra os braços quando passar a crise por Cláudia Garcia, Publicado em 26 de Janeiro de 2011 |
NEWS >